segunda-feira, 15 de dezembro de 2008


Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade.

Pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais.


Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer não derramo uma lágrima.

Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz.


Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada.

Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais.


Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo.Nem eu sou o que penso que eu sou.Nem nós o que a gente pensa que tem.

Não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços.


Não vou à missa. Nem faço simpatias. Mas, rezo pra algum anjo de plantão e mascaro minha fé no deus do otimismo.Quando é impossível, debocho.


Quando é permitido, duvido. Penso mais do que falo. E falo muito, nem sempre o que você quer saber. Eu sei. Gosto de cara lavada — exceto por um traço preto no olhar — pés descalços, nutro uma estranha paixão por camisetas velhas e sinto falta de uma tatuagem no lado esquerdo do braço.


Mas há uma mulher em algum lugar em mim que usa caros perfumes, sedas importadas e brilho no olhar, quando se traveste em sedução.


Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores mas, não raro, sofro de timidez. E note bem: não sou agressiva, mas defensiva.


Impaciente onde você vê ousadia.Falta de coragem onde você pensa que é sensatez.


Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. Estranhos desertos.E, ignorando todas as regras, todas as armadilhas dessa vida urbana, dessa violência cotidiana, se você me assalta, eu reajo.

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